Um estudo realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) está recrutando voluntários para participar de uma pesquisa que visa investigar a eficácia de um jogo digital projetado para ajudar as pessoas a identificar conteúdos falsos ou distorcidos na Internet. O game, intitulado Meias #Verdades, foi desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFPE e tem como objetivo treinar os usuários para reconhecer fake news.

 

Para participar da pesquisa, brasileiros (preferencialmente) entre 18 e 24 anos podem enviar um e-mail para karoline.fernandes@ufpe.br e receber as instruções e acesso ao game. Vale ressaltar que o estudo foi aprovado pelo comitê de ética da UFPE, CAAE Nº. 71322223.8.0000.5208.

 

A iniciativa é liderada pela doutoranda Karoline Fernandes, sob a orientação das pesquisadoras Prof. Dra. Nadi Helena Presser (PPGCI-UFPE) e Prof. Dra. Luciana Monteiro-Krebs (UFRGS). Além disso, a primeira versão do protótipo contou com a parceria do Meaningful Interactions Lab (Mintlab) da KU Leuven University, na Bélgica, sob supervisão do Dr. David Geerts, por meio do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. A equipe de desenvolvimento do jogo ainda inclui produção cultural e game producer de Thamyres Oliveira, ilustrações e direção criativa de Cecília Ceci e programação de Gabriel Candido.

 

TEORIA DA INOCULAÇÃO PSICOLÓGICA

 

O jogo Meias #Verdades aplica os conceitos da Teoria da Inoculação Psicológica, considerada a “avó” das teorias de resistência à persuasão, para estimular usuários das redes sociais a construir habilidades para identificarem desinformação e reconhecerem discursos mentirosos.

 

Desenvolvida nos Estados Unidos entre os anos de 1960 pelo psicólogo social Willian McGuire, a teoria apresenta o método prebunking (pré-desmascaramento), que consiste na apresentação prévia de uma ameaça (conteúdo a ser combatido) junto a um argumento de refutação. O método foi testado no contexto da desinformação pela primeira vez em meados de 2017 a partir dos estudos conduzidos pelos pesquisadores da Universidade de Cambridge, Sander van der Linden e John Roozembeek, que obtiveram resultados positivos e, desde então, têm inspirado acadêmicos de várias áreas do conhecimento.

 

UMA VACINA PSICOLÓGICA CONTRA A DESINFORMAÇÃO

 

A Teoria da Inoculação Psicológica segue a mesma lógica de uma vacina biológica, a qual o organismo é exposto a doses enfraquecidas de um vírus para estimular a produção de anticorpos. Essa dose controlada faz com que o sistema imunológico esteja mais bem preparado para superar qualquer ataque viral maciço, mas não é tão forte a ponto de causar a doença por si só.

 

O design do jogo Meias #Verdades incorpora dos conceitos centrais da Teoria da Inoculação (apresentação de ameaça, contra-argumentação e refutação). Ao longo da narrativa, o jogador é apresentado às estratégias de manipulação mais comuns nas redes sociais, acompanhadas de argumentos contrários e, finalmente, sua refutação. “Ao final da aventura espera-se que o jogador construa habilidades não só para identificar a estrutura básica de uma desinformação presente nas redes sociais como também saiba argumentar sobre o porquê de aquele conteúdo ser duvidoso”, explica a pesquisadora, Karoline Fernandes.  

 

A estética do jogo Meias#Verdades incorpora também elementos da Ferramenta de Avaliação do Design de Jogos Sérios - SGDA (Serious Game Design Assessment Framework) - utilizada para orientar o design de um jogo em busca do seu propósito: estimular o letramento midiático da sociedade brasileira, considerando a linguagem dos jogos sérios não como uma experiência, mas como um poderoso instrumento de comunicação, pelo seu potencial de engajamento e entretenimento.