Jornalismo
Há 20 anos, edifício Areia Branca desabou matando quatro pessoas
Prédio do tipo pilotis caiu no dia 14 de outubro de 2004, em Piedade. Moradores deixaram suas casas um dia antes
Por Wagner Oliveira14 OUT - 14H57
Um terreno grande e murado num dos endereços mais caros de Jaboatão dos Guararapes foi o cenário de uma tragédia que completa 20 anos nesta segunda-feira. No dia 14 de outubro de 2004, o edifício Areia Branca, que ficava na Avenida Bernardo Vieira de Melo, no bairro de Piedade, desabou. Quatro pessoas morreram.
Do tipo pilotis, o prédio de 12 andares havia sido erguido no final da década de 1970. Até hoje, nada foi construído no local da tragédia. O número de mortes só não foi maior porque os moradores desocuparam seus apartamentos após ouvirem estalos no dia anterior. O Areia Branca foi a primeira edificação do tipo pilotis a desabar na Região Metropolitana do Recife (RMR).
Cinco anos após a queda do edifício e uma briga intensa na Justiça, os ex-moradores receberam os pagamentos dos seguros obrigatórios para tentarem refazer suas vidas. O terreno também ficou com os ex-moradores, que hoje tentam vender o espaço. O valor será dividido entre os antigos proprietários dos apartamentos.
O advogado Misael Montenegro foi quem representou os ex-moradores do Areia Branca no processo de indenização. "O prédio tinha 12 andares, eram dois apartamentos por andar e duas coberturas. Hoje, os ex-proprietários esperam vender o terreno onde ficava o Areia Branca", destacou Montenegro. Antes do prédio cair, o condomínio contratou uma empresa para fazer reparação numa das caixas d'água do edifício.
As pessoas que morreram no desabamento não eram moradores do prédio. Como havia apresentado problemas estruturais um dia antes da queda, a Coordenaria de Defesa Civil de Pernambuco (Codecipe) e da Comissão de Defesa Civil de Jaboatão chegaram a vistoriar o prédio e descartar a possibilidade de desabamento. No entanto, por volta das 20h30, o edifício ruiu.
Mortos no desabamento
Antônio Félix dos Santos, 38 anos, porteiro do Areia Branca. Seu corpo foi o primeiro a ser resgatado, um dia após o desabamento. Trabalhou durante 15 anos no prédio. Era casado e tinha dois filhos.
Alcebíades Cunha Lins Júnior, 32 anos. Era soldado do Corpo de Bombeiros de Pernambuco. Trabalhava fazendo extra como segurança no edifício Areia Branca. Era casado e tinha uma filha.
Cícero Júnior de Lima Silva, 21 anos, ajudante de pedreiro e trabalhava no reparo do prédio. Seu pai, o pedreiro Cícero Tenório da Silva, sobreviveu ao desabamento. O corpo de Cícero Júnior foi reconhecido pelo pai cinco dias após a queda.
Ivanildo Martins dos Santos, 21 anos, ajudante de pedreiro e também trabalhava na obra do prédio. Conhecido como Pé de Pano, foi o último a ter o corpo localizado.