Jornalismo
Associação Pernambucana de Cegos sedia exposição de fotografias com técnica de pinturas de luz
Imagens também estão em exposição na Acace em Caruaru
Por Taylinne Barret13 DEZ - 20H45
A exposição de fotografias, culminância do Projeto “Fotografando Vibrações”, e composta por imagens produzidas por jovens e adultos cegos ou com baixa das cidades de Recife e Caruaru está em cartaz até o próximo dia 20, na Associação Pernambucana de Cegos (Apec), no Recife; e até o dia 16 de dezembro, na Associac?a?o Caruaruense de Cegos (Acace), em Caruaru. A mostra tem cerca de 40 imagens captadas através de equipamentos luminosos analógicos e digitais que se traduzem nas "pinturas com luz". O material é fruto das oficinas realizadas no ano passado sob o comando do mestre em Artes Visuais Felipe Ferreira e da diretora de fotografia, Juliana Gleymir. A iniciativa foi possível graças ao edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) da Secretaria de Cultura do Recife.
O Projeto “Fotografando Vibrações” contemplou 22 alunos moradores da Região Metropolitana do Recife e de Caruaru com dinâmicas de grupo, práticas fotográficas individuais e em grupo, aulas expositivas com exibição de vídeos e leituras dirigidas. Na formação, eles experimentaram diversos tipos de equipamentos luminosos analógicos e digitais, a exemplo de um artefato baseado no Sequential Wave Imprinting Machine (SWIM) - um dispositivo tecnológico que capta e traduz sinais eletromagnéticos tornando-os visíveis em fotografias de longa exposição. Dos 22 alunos inscritos, 12 concluíram a carga horária oferecida de 40 horas e receberam a certificação.
O objetivo da capacitação foi promover a cidadania e a participação plena e efetiva das pessoas cegas na convivência social através da troca de experiências sensíveis apresentadas nos trabalhos de diversos fotógrafos e artistas cegos como, por exemplo, Evgen Bavcar, Pete Becket e Henry Butler. Para o mestre em Artes Visuais, idealizador do projeto e um dos educadores, Felipe Ferreira, primeiro brasileiro integrante da Light Painting World Alliance – uma aliança de interesses artísticos particulares focada na promoção da pintura com luz – a oficina foi uma oportunidade para que esse público desenvolva a cognição espacial e o empoderamento dos seus discursos. Nas aulas, os alunos ampliam a autonomia sobre as formas de expressão no mundo.
“Nossa idéia é estimular a construção de uma rede de afetos e suporte entre pessoas videntes e não videntes e construir imagens fotográficas que representem o universo vibratório composto por ondas de rádio, wi-fi, som, eletricidade, entre outros no qual todas as pessoas estão imersas. Queremos, a partir do produto final que são as fotografias, provocar nos videntes o sentimento de atenção ao universo invisível, algo corriqueiro para quem não enxerga”, pontua a educadora audiovisual, cineclubista, diretora de fotografia e produtora, Juliana Gleymir, que produziu e ministrou as oficinas juntamente com Felipe.
As oficinas do “Fotografando Vibrações” também foram realizadas na cidade de Caruaru, no agreste do Estado, possibilitando a difusão e interiorização da prática, e ampliando o acesso ao público que tem alguma limitação para enxergar. Em ambas as atividades, os monitores contaram com uma equipe de acessibilidade que atuou no suporte possibilitando a compreensão de todo o conteúdo teórico da oficina e da prática de produção de fotografias pelos participantes. A equipe utilizou tecnologias assistivas, audiodescrição de imagens, QR code, texturas com materiais diversos e adaptação táctil de artefatos e equipamentos fotográficos para reconhecimento das ferramentas disponíveis e de seus elementos constituintes, e câmeras fotográficas desmontadas para contato dos participantes com suas partes.