Entretenimento
Exposição sobre Tapirurama segue em cartaz no Museu de Arte Popular do Recife
Visitações são gratuitas e acontecem de quarta-feira a domingo, 10h às 16h
Por Jackson Rafi12 DEZ - 17H14
O Museu de Arte Popular do Recife, localizado no Pátio de São Pedro, recebe a exposição "Tapirurama - Gerações do Massapê" do artista e curador J.Melo. A mostra, que recebe visitas gratuitas de quarta-feira a domingo, 10h às 16h, reúne peças de cerâmicas esculpidas e modeladas no bairro de Tapirurama, uma aldeia indígena situada às margens do rio Tracunhaém.
A proposta da exposição em cartaz no equipamento cultural recifense, é resgatar em cada indivíduo a conexão entre passado e presente, norteando e sensibilizando acerca da reformulação artística.
“A exposição significa muito para mim e para quem trabalha com arte popular no Estado, sobretudo na Zona da Mata, Agreste e Sertão. Realizá-la na Região Metropolitana do Recife, onde o fluxo de visitantes e turistas é sempre maior, surge como uma proposta de reencontro com a formação social brasileira esculpida no barro. O acervo busca evidenciar e valorizar a memória dos povos indígenas que habitavam no local onde hoje se localiza o município de Tracunhaém. Essa memória pode ser observada tanto nos corpos dos seus descendentes caboclos e afro-indígenas dentro dos ateliês e olarias que produzem tijolos, telhas, potes, panelas, jarras, quanto no processo de modelar o barro”, destaca Melo.
TAPIRURAMA
Em Tracunhaém, município situado a 60 km da capital pernambucana, na Zona da Mata Sul, a história do seu povo é contada e perpetuada por meio do manuseio e da confecção de peças de cerâmicas esculpidas e modeladas no barro. Essa tradição secular, que perpassa as gerações de pais e filhos, se constituiu em Tapirurama, uma aldeia indígena situada às margens do rio Tracunhaém.
A cidade é uma das principais cidades produtoras de cerâmica de Pernambuco. O seu nome é de origem tupi-guarani e significa “panela de formiga”. E foi por meio do barro que o seu povo modelou à mão a história do município.
O contato com a cerâmica nasceu na cultura ameríndia Tupi, somada com as culturas afro-diaspórica do continente africano no período colonial e seus saberes que constituíram as olarias que se fabricam telhas, jarros e tijolos para alimentar os engenheiros que colonizaram a região e ainda se perpetuam.
Dentro dessas olarias, o manuseio com o barro se constitui a partir da técnica do acordelado e com o torno de oleiro, utilizada para a feitura de peças domésticas, como pratos, potes, moringas, alguidares e posteriormente esculturas figurativas.
EXPOSIÇÃO
O acervo da mostra traz uma linha temporal, promovendo diálogo e conexão entre o legado, a autoralidade e a perpetuação de saberes. As peças, que trazem à tona as crenças populares, a marca da colonização e o cotidiano, perpetuam a história de algumas famílias cujo integrante que segue o trabalho consegue imprimir a sua assinatura, como também dos novos artistas que surgem a cada dia nas olarias da cidade, apontando novos caminhos e métodos para se pensar a cultura, a arte e os novos tempos.